No ser humano, a capacidade de se reproduzir depende da interação entre mecanismos complexos, iniciando com a produção e maturação de células germinativas, pelo encontro e fusão dos gametas masculino e feminino – fertilização – seguidos pela implantação do embrião no útero e, finalmente, pelo desenvolvimento e nascimento do bebê.
Problemas masculinos, femininos ou de ambos dificultam a gestação. Atualmente a maioria destes distúrbios podem ser tratados e, graças aos constantes avanços da Medicina Reprodutiva, a gestação geralmente é obtida.
O termo Reprodução Assistida refere-se a técnicas de tratamento da infertilidade em que pelo menos um dos gametas (espermatozoides e óvulos) é manipulado. As mais utilizadas são a inseminação intrauterina, a fertilização in vitro e a ICSI.
Infertilidade é o diagnóstico do casal que após um ano de relações sexuais frequentes e desprotegidas (sem uso de método anticoncepcional) não consegue engravidar.
10% a 20% da população de casais têm problemas de fertilidade. A incidência de infertilidade é diretamente proporcional à idade da mulher. No Brasil, existem cerca de 15 milhões de casais inférteis.
A infertilidade pode ser primária ou secundária.
Infertilidade Primária: o casal nunca engravidou;
Infertilidade secundária: casal já engravidou.
A incidência das causas de infertilidade são as seguintes:
- Causa feminina (30%);
- Causa masculina (30%);
- Causa mista - masculina e feminina (30%);
- Infertilidade sem causa aparente (aproximadamente 10%).
O casal que não engravidar após 1 ano de relações desprotegidas deve investigar visando descobrir qual a causa da infertilidade.
A redução na quantidade e na qualidade dos óvulos está DIRETAMENTE associada a idade da mulher. A idade da mulher é a variável isolada mais importante no tratamento da infertilidade conjugal.
A mulher, diferentemente do homem, nasce com um número limitado de óvulos e, com o passar dos anos, este número diminui e a qualidade fica comprometida. No homem a renovação dos gametas ocorre a cada 90 dias, por isto o impacto da idade na fertilidade masculina é muito menor.
Outro fator importante para diminuir o número de nascimentos em mulheres com idade mais avançada é a maior taxa de abortamento espontâneo: quanto maior a idade maiores são as taxas de abortamento.
A incidência de infertilidade aumenta com o aumento da idade da mulher. Atualmente, com a gestação sendo postergada, a idade da mulher torna-se uma variável extremamente importante.
Ela precisa ser móvel e pérvia para que espermatozoides, óvulos e embriões possam "transitar" dentro dela.
Infecções pélvicas, doenças sexualmente transmissíveis, cirurgias pélvicas e endometriose são algumas das doenças que podem alterar o funcionamento das trompas, tornando-as imóveis, tortuosas, dilatadas e obstruídas.
Mulheres com alterações tubárias tem maior risco de gestação nas trompas.
A investigação da causa tubária engloba a pesquisa de infecções pélvicas por clamídia, a Histerossalpingografia (Raio-X das TROMPAS) e, algumas vezes, a Videolaparoscopia.
Na Videolaparoscopia a anatomia da pelve é analisada, útero, ovários e trompas são observados quanto a aderências, cicatrizes e endometriose. As aderências podem ser desfeitas e a função das trompas melhorada. A intervenção é realizada em ambiente hospitalar, com anestesia geral.
O problema ovulatório mais comum é a Síndrome dos ovários policísticos. Doenças crônicas, estresse, ganho ou perda de peso excessivo, exercício físico intenso e o uso de medicações também são causas de anovulação.
A investigação de pacientes com ciclos irregulares inicia geralmente com dosagens hormonais: (LH, FSH, PROLACTINA e outros). A ecografia transvaginal é um exame complementar que realizada de forma seriada pode avaliar o crescimento folicular e a ovulação. Utilizada também para avaliar a reserva ovariana (número de folículos nos ovários).
A Histeroscopia é um procedimento realizado para avaliar a cavidade uterina e identificar eventuais doenças existentes dentro do útero podendo ser diagnóstica ou terapêutica.
A história clínica, os exames físicos e urológicos podem ser sugestivos de alteração no espermograma. A anamnese envolve o uso de drogas lícitas ou ilícitas, medicações, história de caxumba com orquite (inflamação dos testículos), cirurgias ou traumas na região inguinal e escrotal, quimioterapia ou radioterapia. A varicocele (dilatação dos vasos ao longo do cordão espermático), exposição a toxinas, fatores genéticos, alterações hormonais, obstrução dos ductos de transporte e as infecções também podem comprometer a qualidade do sêmen.
Interessante é que a causa mais comum de alteração do espermograma é idiopática, ou seja, após investigação não se descobre porque o espermograma está alterado.
Sempre que o casal não conseguir gestar e os exames demonstrarem função tubária normal, ciclos ovulatórios e espermograma normal estaremos frente ao diagnóstico de infertilidade Sem Causa Aparente.
Apenas 10% dos casais jovens não tem a causa da infertilidade diagnosticada, este diagnóstico é mais comum quando a idade da mulher está em torno dos 40 anos.